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Índia vai comprar do Brasil bois para reprodução e ovos sem patógenos específicos

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O gado zebu é originário do país, mas o melhoramento genético realizado no rebanho brasileiro tornou-o atraente a criadores indianos

A Índia vai comprar do Brasil bovinos para reprodução e ovos Livres de Patógenos Específicos (Specific Pathogen Free, SPF, na sigla em inglês).

O Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebeu nesta quinta-feira (28) informe da aceitação dos modelos de certificados zoossanitários para exportação pelo Departamento de Pecuária, Laticínios e Pesca da Índia (Departament of Animal Husbanfry, Dairying & Fisheries of Ministry of Agriculture and Farmers).

Os negócios envolvendo embarques de bovinos e material de reprodução se intensificaram em abril, na 84ª Expozebu, em Uberaba (MG). Nove países participaram das rodadas de negociação promovidas pelo DSA, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

A Índia é o país de origem do gado Zebu, mas o melhoramento genético realizado no rebanho zebuíno brasileiro gerou ganhos de produtividade e tornou-o atraente a criadores indianos. Segundo o secretário de Relações Internacionais do Mapa, Odilson Silva, enquanto uma vaca da raça Gir (zebuína) leiteira produz no máximo, 6 Kg/dia de leite na Índia, o rebanho Gir leiteiro do Brasil, fornece 15 Kg/leite por dia e uma fêmea Gir de elite produz cerca de 70 kg diários de leite.

Maior produtora de leite do mundo, a Índia está investindo na melhoria genética de seu rebanho. Desde 2016, o Brasil exporta sêmen bovino para produtores indianos e, recentemente, autorizou a importação de embriões bovinos “in vivo” (gerados no ventre da mãe).

Em relação às exportações de ovos SPF, as tratativas entre os dois países foram iniciadas em 2014. Esses ovos são produzidos em estabelecimentos avícolas registrados e monitorados sanitariamente pelo ministério e têm alto padrão de biosseguridade. Os ovos SPF são matérias-primas para a produção de insumos, antígenos e vacinas para animais, assim como de vacinas para uso humano. Também são utilizados como meios de cultura in vivo para pesquisas científicas e diagnóstico de microrganismos responsáveis por ocasionar doenças em humanos e animais.

Poucos países no mundo produzem esse tipo de ovo, em virtude do nível de tecnologia e controle sanitário aplicados nos estabelecimentos avícolas autorizados a realizar a atividade. O Brasil produz cerca de cinco milhões de ovos SPF, por ano, o que representa ao redor de 8% da produção mundial. Cada unidade de ovo SPF tem preço médio de R$ 5,50.

A Índia tem uma demanda de consumo de ovos SPF estimada em 1,8 milhão de unidades por ano, o que poderá torná-lo o maior cliente do Brasil para esse produto.

Artur Hugejn, com Janete Lima da Coordenação-geral de Comunicação Social do Mapa/Foto: Divulgação

 

Na Afríca do Sul, Maggi desafia BRICS a obter resultados mais concretos

Em reunião do grupo de ministros da Agricultura do Brics, na África do Sul, o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), disse na última semana, que é preciso atenção à nova geração de obstáculos ao comércio mundial, “que muitas vezes não se baseiam em ciência e ameaçam nossa posição de atores globais na produção e comercialização de alimentos. Devemos, sobretudo, todos primar pelo respeito às regras da Organização Internacional da Saúde Animal e do Codex Alimentarius, sem o qual não se constrói confiança mútua”.

Durante o discurso, se dirigindo aos colegas do grupo de países ( formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), destacou reconhecer, desde o início de sua gestão “a importância do diálogo multilateral para superação dos desafios coletivos e para o enfrentamento de ameaças comuns”. Mas criticou a falta de resultados concretos das ações do Brics, “essa já é a terceira reunião da qual participo, e eu me permito compartilhar com os amigos aqui presentes a percepção de que os avanços práticos ocorridos nesse período não refletem a grandeza do potencial conjunto dos países aqui representados”.

O ministro destacou que, “o mundo vive um momento de recrudescimento de discursos e práticas protecionistas. E esse grupo foi criado para atuar conjuntamente em busca de uma ordem mundial mais justa. Nesse sentido, eu estou convencido que o BRICS pode ter um papel mais efetivo se nos dedicarmos mais diretamente a ser um organismo facilitador do comércio internacional”.

Maggi disse ainda que perseguir esse objetivo não é fácil. “Mas penso que é exatamente por isso que estamos reunidos, para dar mais um passo no caminho que separa a intenção dos resultados concretos”.

Artur Hugen, com Coordenação-geral de Comunicação Social do Mapa/Foto: Divulgação

Atividades do Plano ABC são executadas em área estimada em 7 milhões de ha

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizou nesta quinta-feira (21) a primeira reunião do Comitê Diretor da Plataforma ABC, para mostrar os resultados dos programas voltados à agricultura de baixo carbono no país. Segundo o presidente substituto do Comitê e coordenador do programa ABC no Mapa, Elvison Nunes Ramos, os recursos oficiais do Programa ABC já modificaram 10 milhões de hectares - 500 mil hectares com a utilização do sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) - do país com tecnologias agropecuárias sustentáveis.

Mas dados do setor privado mostram que o ILPF já atingiu cerca de 7 milhões de hectares. “As tecnologias são tão boas que o produtor está adotando-as sem depender dos recursos oficiais”, explicou Elvison Ramos. Adiantou que está prevista a inserção de novas tecnologias no programa ABC. Atualmente seis linhas de ação orientam o programa: integração de pastagens degradadas, ILPF, sistema de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, florestas plantadas e tratamento de dejetos animais.

Participaram da reunião do comitê representantes de ministérios, da Embrapa, BNDES, universidades e entidades de produtores. serão gerados dados para mostrar os resultados das mudanças de sistemas tradicionais de produção para outros sustentáveis, resilientes e mitigadores dos gases de efeito estufa. O programa ABC foi criado há oito anos e recebeu mais de R$ 15 bilhões de investimentos. A próxima reunião do comitê será realizada até o início de setembro. Os resultados da plataforma ABC deverão ser levados à conferência mundial sobre as mudanças climáticas (COP 24) que vai ocorrer de 3 a 14 de dezembro, na Polônia.

O cientista da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad, lamenta que a crise econômica do país fez com que demorasse oito anos para ser instalada a plataforma. Segundo ele “é desafiadora a manutenção do programa. Para isto, precisamos de mobilidade para buscar recursos públicos ou privados, muita pesquisa e trabalho conjunto entre todos os ministérios envolvidos”, disse Assad. 

Para o diretor executivo de inovação e tecnologia da Embrapa, Cleber Oliveira Soares, a plataforma vai mostrar quais ações estão sendo desenvolvidas pelos produtores para mitigar os efeitos dos gases estufa. Lembrou dos trabalhos que estão feitos pelo laboratório de monitoramento das emissões de gases de efeito estufa, na Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna (SP).

Artur Hugen, com Janete Lima/Coordenação-geral de Comunicação Social do Mapa/Foto: Divulgação