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Gastronomia faz parte do "show" na 46ª ABAV Expo

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Chef Leo Coalhada se apresenta no espaço Cozinha Show. Ele é o idealizador do projeto EcoRural, que promove visitas guiadas a produções orgânicas com direito a preparação de um almoço com a colheita do dia

Fogão a postos e arquibancada cheia. Foi assim que a Cozinha Show, para fazer jus ao nome, protagonizou um espetáculo de sabores no primeiro dia de atividades do estande do Ministério do Turismo na 46ª Abav Expo Internacional.

A especialidade da "casa" é fugir do paladar comum: já pensou em experimentar um refogado de cogumelos com queijo canastra e geleia de jabuticaba? Essa foi uma das receitas apresentadas pelo chef de cozinha Leo Coalhada, de Teresópolis (RJ), que ganhou todos os elogios da plateia durante a maior feira de turismo do Brasil, na capital paulista.

"É maravilhoso ver que não há a necessidade de elaborar muito para se fazer algo gostoso. O Leo fez o prato em minutos e o resultado me surpreendeu, até porque não sou muito fã da mistura do doce com o salgado. Adorei o espaço, a iniciativa e voltarei com certeza para aprender mais e provar outras delícias", disse a estudante de Turismo Juliana Paiva, de 25 anos, após participar da apresentação no espaço do MTur.

Além de oferecer comidas típicas e combinações exóticas, o foco da atração é mostrar que todos os ingredientes utilizados nas receitas são oriundos da agricultura familiar, e que isso faz toda a diferença no resultado final do prato. “Comida precisa agregar valor e o valor que vai nos meus pratos começa lá atrás, no produtor”, destacou o chef Leo Coalhada. A proposta da Cozinha Show é valorizar iniciativas de gestão compartilhada da propriedade, onde a atividade produtiva agropecuária seja a principal fonte geradora de renda.

O espaço é uma amostra de que a atividade turística vai muito além da gastronomia e da boa mesa: ela é fundamental para os pequenos negócios no Brasil. O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, visitou a Cozinha Show e projetou com otimismo o futuro da gastronomia nacional. “A agricultura familiar é um dos pilares do turismo e vai ajudar ainda mais a criar as referências de qualidade que alavancam a nossa culinária como atributo turístico", avaliou.

Espetáculo de sabores

Aberta ao público, a cozinha do estande do MTur é destinada à demonstração de pratos típicos da culinária brasileira, com a utilização de ingredientes da agricultura familiar elaborados pelos chefs convidados: Teresa Corção, Cláudia Vasconcelos, Leo Coalhada, Zeca Amaral, Gabriel Gaeta, Jane Pereira e Elói Leite. Oferece também uma degustação de cafés especiais, apresentada pelos baristas André Sanches e Rui Oliveira.

A variedade e a diversidade da comida brasileira incrementa a competitividade dos destinos. Em pesquisa anual do Ministério do Turismo, a culinária do Brasil recebeu avaliação positiva de 95,7% dos turistas estrangeiros que visitaram o país em 2017, confirmando sua importância como diferencial de atratividade. Além disso, cerca de 10% do total de eventos inscritos no Calendário de Eventos do MTur são voltados para a gastronomia, confirmando  a capacidade que a boa mesa tem de estimular o fluxo turístico regional. "É um atrativo tão importante para o turismo quanto as praias, cidades históricas e atrativos culturais dos destinos", conclui o ministro Vinicius Lummertz.

 

Artur Hugen, com Kiara Goulart/Edição: Vanessa Sampaio/Foto: Roberto Castro/MTur

Brasil ganhará grandes corredores naturais para o ecoturismo

O Ministério do Turismo realizou apresentação sobre o Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, que busca interligar unidades de conservação ambiental (UCs) de todo o país por meio de percursos sinalizados. O coordenador-geral de Uso Público e Negócios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Pedro Menezes, detalhou a iniciativa, que inicialmente prevê a formação de quatro grandes corredores naturais.

Os circuitos são o Litorâneo, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS); a Trilha Missão Cruls, entre a Cidade de Goiás e a Chapada dos Veadeiros, em Goiás; o Caminhos do Peabiru, do Parque Nacional do Iguaçu (PR) ao litoral paranaense, e a Estrada Real, que abrange Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A sinalização dos trajetos segue um modelo mundialmente aplicado e consiste numa pegada amarela sobre uma base preta, indicando o sentido a ser percorrido.


Um Acordo de Cooperação Técnica entre os ministérios do Turismo, do Meio Ambiente, a Embratur e o ICMBio visa implementar uma política de gestão de uso público das UCs, em parceria com o setor privado. Pedro Menezes previu avanços a partir do trabalho integrado. “Isso vai gerar um ciclo virtuoso de aumento da visitação nos parques nacionais com mais qualidade de serviços e, portanto, um grau de apreciação maior do que a gente tem hoje. Vemos a parceria com o MTur como estratégica”, declarou.

As ações conjuntas envolvem o incentivo ao ecoturismo associado à conservação da biodiversidade, além do apoio à promoção dos destinos. A meta é aproveitar o potencial das unidades para atrair visitantes a estes espaços e ao seu entorno. O coordenador-geral de Planejamento Territorial do Turismo do MTur, Eduardo Madeira, destacou benefícios da união de esforços. “Vamos fortalecer as atividades turísticas nos parques, ajudando a gerar renda nas comunidades do entorno das unidades”, apontou.

O traçado das trilhas segue aberto a eventuais alterações necessárias ao longo do processo de implementação, que reúne diferentes esferas de governo, proprietários privados e a sociedade. O trabalho do ICMBio se baseia em exemplos internacionais como o dos Estados Unidos, onde o sistema de trilhas, com 50 anos de existência, liga mais de 90% das unidades de conservação. Os EUA possuem hoje 95 mil quilômetros de caminhos sinalizados, ligando 24 dos seus 60 parques nacionais.

O coordenador-geral substituto de Uso Público e Negócios do ICMBio, Fábio França, que também participou da palestra, citou vantagens do aproveitamento dos percursos, como o incentivo à atuação de guias e transportadores, além da ocupação de campings e meios de hospedagem. França relatou a grande procura por atividades na área no país. “No Pico das Agulhas Negras, por exemplo, pessoas chegam às 4h para fazer a subida pegando senha. A gente tem uma oferta gigante para aproveitar”, enfatizou.

Os técnicos do ICMBio divulgaram o Manual de Sinalização de Trilhas, já compartilhado durante capacitações realizadas em várias partes do país. Também acompanharam a apresentação o diretor do Departamento de Ordenamento do Turismo do MTur, Rogério Coser; o diretor do Departamento de Infraestrutura Turística do MTur, Victor Hugo Mosquera; o coordenador-geral de Produtos Turísticos do MTur, Cristiano Borges, e a coordenadora-geral de Turismo Responsável do MTur, Gabrielle Nunes, entre outros servidores da Pasta.

Percursos 

O Corredor Litorâneo engloba 8.000 quilômetros, passando por mais de 100 UCs ao longo da costa nacional. Já o Missão Cruls, com 600 quilômetros, seguirá o caminho percorrido por Luiz Cruls para delimitar a área onde seria construída Brasília. O Caminhos do Peabiru, por sua vez, com cerca de mil quilômetros, retrata o percurso dos índios Guarani ligando o Oceano Atlântico aos Andes, e a Estrada Real, com mais de 1.700 quilômetros, segue o trajeto usado pela Coroa Portuguesa no período colonial.

Artur Hugen, com MTur/ Foto: André Martins/MTur