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Comunidade científica participa de diálogo sobre clima

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Reunião entre MMA, MRE e comunidade científica na Universidade de Brasília (UnB)

A comunidade científica brasileira apresentou suas contribuições para o atingimento da meta brasileira no Acordo de Paris, em mais uma rodada do Diálogo Talanoa, realizada nesta semana, em Brasília (DF). O encontro teve como objetivo a troca de experiências e a construção de confiança por meio de um diálogo inclusivo, participativo e transparente.

O evento foi organizado pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), com apoio do Banco Mundial e da Agência de Cooperação do Governo Alemão (GIZ).

Ao longo do mês, estão ocorrendo outras rodadas do Diálogo Talanoa, incluindo encontros com a sociedade civil e com o setor privado. O resultado das discussões será compilado e apresentado pelo ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, durante o Diálogo Talanoa de Alto Nível, parte da programação da 24ª Conferência das Partes (COP 24) sobre mudança do clima, que ocorrerá em dezembro, na Polônia.

“A nossa principal mensagem foi a de que o Diálogo Talanoa é um diálogo contínuo. Por isso, multiplicamos o número de Talanoas e estamos incentivando todos que não puderam participar a encaminhar seus insumos para o MMA”, explicou o secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA, Thiago de Araújo Mendes. Esses insumos podem ser enviados para o e-mail talanoabrasil@mma.gov.br.

De acordo com Thiago, dessa forma, o posicionamento da sociedade brasileira em relação ao tema foi fortalecido. “O que levaremos para a COP 24 será a mensagem do Brasil, ou seja, do conjunto da sociedade brasileira, envolvendo movimentos sociais, setor científico e área governamental. Assim, poderemos levar uma mensagem positiva e forte do Brasil para o fortalecimento do combate à mudança do clima”, afirmou. 

A rodada do Talanoa com a comunidade científica teve a participação de representantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Datagro Consultoria, Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

O debate partiu do relatório aprovado, há cerca de uma semana, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que mostra os impactos do aumento de temperatura de 1.5°C e de 2°C. Para o subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia, do MRE, embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho, o Diálogo Talanoa com a comunidade científica demonstrou um esforço de integração necessário. “A ciência não pode ficar restrita ao laboratório. O compartilhamento de experiências das pessoas do setor é indispensável”, afirmou. 

Diálogo

O Diálogo Talanoa é inspirado na tradição ancestral de compartilhamento de experiências entre os povos de Fiji, país formado por um conjunto de ilhas no Pacífico. Diante de sua vulnerabilidade à mudança do clima, o Governo de Fiji foi escolhido para presidir a última Conferência do Clima, a COP 23, que ocorreu em novembro de 2017, na Alemanha. Na ocasião, a presidência fijiana introduziu o Diálogo Talanoa.

A ideia é que cada país faça uma rodada de discussões sobre o assunto em ambiente doméstico até a COP 24, no fim do ano, quando o processo será concluído. Em declaração conjunta, o grupo BASIC - formado por Brasil, África do Sul, Índia e China - reiterou a intenção de realizar o Diálogo Talanoa em seus territórios.

Metodologia

A metodologia do diálogo foi baseada nas perguntas norteadoras: onde estamos; onde queremos ir; e como chegaremos lá. Nesse processo, os participantes abordaram questões como florestas e emissões de gás carbônico nacionais, sinalização futura da mudança do clima no Brasil e avaliação de impactos à saúde. 

“Ao longo do dia, tivemos a oportunidade de conversar com os cientistas, com os pesquisadores, sobre essas três questões”, lembrou Thiago Mendes. Para o secretário, a integração entre ciência e políticas públicas é fundamental para que o Brasil cumpra sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC brasileira) ao Acordo de Paris. Considerada uma das mais ambiciosas, a meta brasileira é reduzir 37% das emissões de gases de efeito estufa até 2025, com indicativo de cortar 43% até 2030. Ambos os percentuais são baseados nos níveis registrados em 2005.

Artur Hugen, com Waleska Barbosa/ Ascom MMA/Foto: Paulo de Araujo/MMA