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Iapar e cooperativas combatem doença de laranjais com controle biológico

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Controle biológico nas plantações de laranjas

Uma parceria inédita entre o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial e a Citri Agroindustrial vem ajudando a controlar a principal doença que ataca a citricultura mundial. Trata-se do greening, responsável, dentre outros, por dizimar pomares na Flórida, um dos grandes produtores globais da fruta.

O projeto, que começou em outubro do ano passado, envolve o controle biológico por meio da multiplicação, pelo Iapar, da tamaríxia (tamarixia radiata) uma vespinha originária do Sudeste Asiático, que é um predador natural do inseto psilídeo, o vetor da bactéria que causa o greening. 


O greening, também conhecido como huanglongbing (HLB), ataca as brotações sugando a seiva das folhas novas. Os sintomas são ramos com folhas amareladas, depauperamento das plantas e deformação dos frutos. Quando detectada a doença, as plantas precisam ser eliminadas, de acordo com Rui Pereira Leite, pesquisador do Iapar.

“Trata-se do principal problema da citricultura mundial. Só para se ter uma ideia, a Flórida, que chegou a produzir 250 milhões de caixas de laranjas, hoje produz 65 milhões de caixas depois da incidência da doença”, explica.

COM SUCESSO - A vespinha parasita as ninfas (formas jovens) do psilídeo, o vetor da bactéria do HLB. A técnica, de acordo com Leite, tem sido empregada com sucesso em outras regiões produtoras, como o estado de São Paulo e também no México.

As tamaríxias são soltas em pomares caseiros ou abandonados, ou em áreas urbanas onde não há controle da doença. A murta, uma planta comum em áreas urbanas, também conhecida como dama da noite, é uma hospedeira para o vetor da bactéria que causa a doença. “O desafio é eliminarmos o psilídeo em áreas onde não é feito o controle, que podem ser contaminar outras áreas”, diz. 

Desde outubro do ano passado já foram liberadas 500 mil vespinhas em regiões de abrangência da Cocamar e da Citri. 

“A ideia inicial era produzirmos 25 mil vespinhas por mês, mas esse número passou rapidamente para 40 mil e agora já está entre 80 mil e 100 mil”, diz Leite. As vespinhas são transportadas em tubos de ensaio até o local da liberação. 

PRÓXIMO PASSO - A parceria entre as cooperativas e o Iapar deve durar três anos e envolve R$ 360 mil em recursos das duas cooperativas. Além dos pomares de laranja, áreas de produção de limão taiti em Altônia e São Jorge do Patrocínio também começaram a se beneficiar do projeto.

“O próximo passo será monitorar o percentual de ninfas parasitadas. Em áreas onde o controle biológico é realizado os resultados têm sido muito sa Além do controle biológico, o Iapar vem trabalhando para desenvolver variedades de laranjas resistentes ao greening tisfatórios”, diz Leite. 

INCIDÊNCIA - O Paraná é o terceiro maior produtor nacional de laranja, atrás de São Paulo e Minas Gerais. Os laranjais geram R$ 315 milhões em Valor Bruto da Produção (VBP), o que representa 6% do total nacional. O Noroeste é a principal região produtora, com 70% dos pomares. A atividade gera cerca de 3 mil empregos no campo. Somente nessa safra, a produção deve alcançar 1 milhão de toneladas, 33% mais do que na safra passada.

A incidência do greening nos pomares paranaenses está em cerca de 10%, metade do percentual nos laranjais de São Paulo, maior produtor nacional. Ainda assim, de acordo com o pesquisador, é necessário monitoramento constante, com aplicação de inseticidas, controle biológico e eliminação das plantas doentes. “A vantagem da tamaríxia é que ela só atua no psilídeo. Não traz nenhum outro prejuízo para o ambiente”, diz Leite 

VARIEDADES RESISTENTES - Além do controle biológico, o Iapar vem trabalhando para desenvolver variedades de laranjas resistentes ao greening. O próximo passo é testar as variedades transgênicas na estação experimental do IAPAR em Xambrê. “Estamos apenas esperando a autorização da CTNbio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia) para prosseguir com a pesquisa em campo”, diz.

Artur Hugen, com informações e imagens do GPR/Divulgação