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Produtores querem 50% de participação na Ferrogrão e calculam poupar R$ 3 bi

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Os produtores rurais querem participar de pelo menos 50% da construção e operação da ferrovia

Enquanto parte do setor político se mobiliza para tentar criar alguma forma de taxação do agronegócio, o presidente de Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MT) Antônio Galvan garante que o setor está concentrado em criar saídas para o problema logístico e conseguir garantir uma economia de até R$ 3 bilhões por ano, caso saia do papel o projeto da Ferrogrão, ferrovia que ligará Sinop a Miritituba (PA).

Os produtores rurais querem participar de pelo menos 50% da construção e operação da ferrovia. “Ainda estamos procurando uma forma jurídica para concretizar essa ideia, para que o setor tenha condições de sentar à mesa do conselho e ter voz ativa para tomar decisões que garantam um preço competitivo de frete”, explica Galvan.

O presidente da Aprosoja especifica que o modal ferroviário que liga Rondonópolis até ao porto de Santos (SP) não está provocando economia no frete, porque o preço fica equiparado com o frete rodoviário. “Com a Ferrogrão, calculamos uma economia de até R$ 3 por saca transportada até Miritituba, ou seja, será um incremento de no mínimo R$ 3 bilhões por ano na economia do Estado através da redução de custo do setor”.

A articulação para criar uma forma jurídica de participação dos produtores rurais na construção e administração da Ferrogrão começou no período pré-eleitoral e de acordo com Galvan será mais um “sacrifício que o setor está fazendo para tentar diminuir os problemas logísticos do Estado”.

A construção da Ferrogrão ainda não começou, pois está em processo licitatório. Na última semana, o projeto, que está previsto para começar a ser construído no próximo ano, foi judicializado. Uma decisão da Justiça Federal do Pará determinou que a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) suspenda o projeto, já que foram constatadas irregularidades no trajeto do modal, que afetariam comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Galvan explica que além de economizar cerca de R$ 3 bilhões com frete por ano, a Ferrogrão é uma saída logística eficiente para burlar o encarecimento do transporte das commodities provocado pelo frete dos caminhoneiros. “Ainda tem político defendendo que o setor seja taxado, que a gente contribua com R$ 4 bilhões por ano. Como colaborar mais, um setor que tem R$ 12 bilhões de dívidas?”.

O presidente da Aprosoja também critica setores políticos que defendem que a ferrovia de Rondonópolis passe por Cuiabá. “Essa perspectiva é uma forma de boicotar a Ferrogrão. Porque é inviável a ferrovia passar por Cuiabá, pois não possui carga suficiente para transportar para a cidade ou exportar. Políticos que defendem essa ideia, na verdade, querem boicotar a Ferrogrão”.

A perspectiva dos setores econômicos, principalmente os produtores rurais, é que nos próximos dois anos saiam do papel 4 projetos ferroviários. O mais adiantado é o da Ferrogrão, cuja previsão de investimento é de R$ 12 bilhões. Também existe a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que terá R$ 4 bilhões em 2019 para construção do trecho entre Campinorte (GO) e Água Boa (a 747 km de Cuiabá), um trecho de 200 km.

Ainda existe a perspectiva de ampliação de 365 km da Ferronorte entre Rondonópolis até Sinop, ao investimento de R$ 8 bilhões. E, por fim, o projeto da ferrovia entre Sapezal (498 km distante de Cuiabá) a Porto Velho (RO), com extensão de 200 km e investimento estimado de R$ 8 bilhões.

Artur Hugen, com Revista Ferroviária/Foto Divulgação