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Veja as ações de proteção realizadas pelo Tamar

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Eliminar o lixo no mar, evitar a pesca incidental e ordenar a ocupação da zona costeiro-marinha são alguns dos desafios enfrentados pelos servidores para proteger esses animais

 Eliminação do lixo no mar, fim da captura incidental na pesca e busca por um melhor planejamento da ocupação do solo na zona costeiro-marinha, cujos empreendimentos pressionam trechos de praias escolhidos pelas tartarugas marinhas fêmeas para depositar seus ovos pelo litoral brasileiro.

Esses são alguns dos desafios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e parceiros no trabalho de conservação das cinco espécies de tartarugas marinhas que circulam pelo litoral brasileiro.

As ações são coordenadas pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tartarugas Marinhas (Centro Tamar/ICMBio), que, junto com todos os seus apoiadores, comemora neste domingo (16) o Dia Internacional das Tartarugas Marinhas.

A escolha da data é uma homenagem ao biólogo, ecologista, escritor e pesquisador, Archie Carr, que iniciou nos anos 50 em Tortuguero, na Costa Rica, o trabalho de estudar e compreender o ciclo de vida e comportamento das tartarugas marinhas. Ele nasceu em 16 de junho de 1909.

Além de lembrar esse importante pesquisador, o Dia Internacional das Tartarugas Marinhas serve para refletir e debater sobre o que anda acontecendo com esses pacíficos e carismáticos animais.

Ameaça

As tartarugas marinhas são altamente migratórias. Podem passar pelas águas de diversos países em sua longa vida. Na China, tem uma relação até mesmo cultural com a longevidade.

Mas o lixo no mar tem sido uma das principais ameaças à vida delas. Estima-se que entre 4 milhões a 12 milhões de toneladas de plástico são despejados nos oceanos a cada ano. Em março deste ano, o MMA lançou o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar.

O plástico, no mar, vira uma armadilha para as tartarugas marinhas, sendo confundido com alimento ou aprisionando espécies, a exemplo de pedaços de redes de pesca que se enroscam em seus corpos podendo levá-las à morte.

O lixo ingerido pode bloquear o sistema digestório e interferir no processo de flutuação da tartaruga, fazendo com que morram por inanição, pois elas param de se alimentar. Além disso, o lixo produz toxinas que são liberadas no organismo e das lesões no trato gastrointestinal delas.

Com isso, percebe-se que os tão debatidos canudos de plástico são apenas a ponta do iceberg no que se refere ao que vai parar nos oceanos e, por tabela, no estômago desses animais marinhos.

Plano

A analista ambiental Gabriella Tiradentes Pizetta, do Tamar/ICMBio acaba de participar de um Fórum em Santos (SP), que discutiu o lixo no mar e seus impactos , oportunidade em que pôde falar sobre o Plano de Ação para Conservação das Tartarugas Marinhas (PAN Tartarugas Marinhas), coordenado pelo Centro Tamar.
“Um dos objetivos do plano é a redução dos impactos da poluição nas tartarugas marinhas, e a temática do lixo é abordada em várias outras ações do PAN também”, disse ela.

A pesca incidental é um outro impacto relevante, causando a morte de tartarugas adultas e jovens, apesar de elas não serem as espécies-alvo da pesca. Alguns petrechos de pesca, como anzóis e redes inadequadas, interagem mais com as tartarugas, o que também atrapalha o pescador, pois reduz a quantidade de peixe ou camarão capturado.

Para mitigar e reduzir esses impactos da pesca incidental, o Tamar/ICMBio monitora embarcações e promove a divulgação de medidas mitigadoras que podem ser utilizadas por pescadores durante as ações de pesca, como o uso do anzol circular, que captura o peixe, mas não a tartaruga marinha. Saiba mais sobre essas medidas clicando aqui

Luz artificial

Um outro problema é o número de empreendimentos na orla brasileira e a iluminação das praias à noite. Com a luz artificial, vem todos os impactos que a fotopoluição pode trazer, desorientando as fêmeas que desovam nas praias, assim como os filhotes que, após nascerem, não conseguem encontrar o mar, podendo ser predados ou morrer por desidratação.

Estudo conduzida pela pesquisadora e doutora Liliana Poggio Colman, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, realizado por meio do cruzamento de imagens de satélites com a iluminação artificial, revela aumento de 64% nas principais áreas de desovas de tartarugas marinhas ao longo da costa brasileira, do Rio de Janeiro a Sergipe.

Nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos em áreas prioritárias para conservação das tartarugas marinhas, o Centro TAMAR/ICMBio tem que ser ouvido, como determina a Resolução CONAMA 10/1996. “Já somam-se 165 manifestações emitidas de 2013 a 2018 e sempre temos sugestões de medidas mitigadoras de impactos ambientais a esses empreendimentos”, frisa Gabriella.

Como exemplos de ações positivas, estão medidas para a redução do descarte de lixo na área do empreendimento e da praia; implantação de projeto de educação ambiental em todas as fases do empreendimento; e adequação do sistema de iluminação do empreendimento.

Ascom MMA/Centro Tamar/ICMBio/Foto: MMA