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"Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra!", grita Bolsonaro em Goiás

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Bolsonaro no Goiás ( foto: Imagem de Streaming)

(Brasília-DF, 04/03/2021) "Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra!", gritou nesta quinta-feira, 4, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), numa cerimonia realizada no estado de Goiás, no momento em que reclamava da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que delegou a prefeitos e governadores a última palavra sobre a necessidade, ou não, pela adoção de iniciativas que resultam no fechamento do comércio e das atividades econômicas, como forma de enfrentar a pandemia do novo coronavírus (covid-19), que já matou mais de 259 mil brasileiros.

 

Num discurso raivoso durante a inauguração de um trecho da Ferrovia Norte-Sul no município de São Simão (GO), o presidente brasileiro voltou a criticar as medidas de restrição adotadas por governadores e prefeitos para evitar a propagação de covid num momento em que começam faltar leitos nas unidades hospitalares. Segundo ele, o STF castrou a sua autoridade em decidir no plano nacional pela adoção, ou não, destas medidas. O trecho inaugurado da Ferrovia Norte-Sul entre São Simão (GO) e Estrela d'Oeste (SP) possui 172 quilômetros.

 

Na oportunidade, Bolsonaro falou ainda da importância dos investimentos privados para a execução de obras como esta inaugurada por ele nesta quinta-feira, comentou também sobre a necessidade do país aprovar uma reforma tributária, que segundo ele, é cobrada diariamente pelo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, para diminuir a atual "acachapante" carga de impostos federais, estaduais e municipais que pesam sobre a população e o setor produtivo do país. Num crescendo durante o seu pronunciamento, o presidente brasileiro voltou a atacar a imprensa e os veículos de comunicação. Segundo ele, a mídia brasileira se transformou "num partideco de esquerda" e estaria associada aos seus adversários políticos do Partido dos Trabalhadores (PT), a quem denominou como personificação do "mal".

 

"Nós temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mi-mi-mi e vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que tem doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos? A própria bíblia diz, que em 365 citações, ela diz: não temas! Eu sou católico. Acredito em deus. Respeitamos as religiões. Mas se ficarmos em casa o tempo todo e dizer que a economia vem depois, uma parte nós estamos vendo agora, o que foi essa política. Qual futuro do Brasil? O efeito colateral errado [das medidas de restrição de pessoas por conta] do covid, que eu venho falando há um ano, é muito mais danoso, que o próprio vírus", iniciou.

 

"Sempre disse e vamos cuidar da questão do vírus e do desemprego. São dois problemas que temos que tratar com a mesma responsabilidade, de forma simultânea. Lamentamos qualquer morte no Brasil. Ontem tive a notícia, que sem querer fiz um contato com a minha primeira professora, nos idos de 1.964, na cidade de Jundiaí, veio a falecer no dia de ontem com 101 anos de idade. Eu planejava vê-la, apesar de ela estar com sua condição de saúde bastante complicada a algum tempo, e esperava vê-la. Mas essa é a nossa vida", continuou.

 

"Que imprensa é essa que temos no Brasil e que deturpa tudo? Fica com lupa, buscando uma frase minha perdida para me atacar. Todos nós vamos sofrer se não tomarmos as medidas certas e com coragem. Vamos acreditar no Brasil. Nós somos um país. Realmente, agora, sim, que tem um futuro. O homem do campo, repito, não parou. Tivemos uma inflação nos produtos da cesta básica? Tivemos, sim! E como vou negar isso daí? Não vou negar", complementou.

 

Imprensa

 

Na sequência, Bolsonaro voltou a demonstrar sua irritação com a imprensa brasileira.

 

"Que imprensa essa a nossa? Que transformou-se num partideco político de esquerda? Há dez anos, só o jornal O Estado de S. Paulo tinha 500 mil exemplares. Hoje os dez maiores jornais não tem 500 mil exemplares. Estão perdendo a credibilidade e eu quero uma imprensa forte, cada vez mais livre. Nunca ouviram de mim falar em controle social da mídia, ou democratização da mesma, que são palavras bonitas da esquerda para fazer exatamente o contrário", disparou.

 

"Como sonho com uma imprensa que fale a verdade! Existem alguns órgãos [bons]? Existem! Mas a imprensa é extremamente importante para nós. O que eles publicam aqui dentro, repercute lá fora! O pessoal [de fora] acha que nós somos aqui ainda seres pré-históricos. [Eles] não enxergam muitas vezes o nosso desenvolvimento", emendou.

 

Apelo aos governadores

 

Mesmo partindo para o ataque contra os governadores e prefeitos pelos decretos estaduais e municipais que voltaram a fechar o comércio e diversas atividades econômicas em várias cidades do país, Bolsonaro fez um apelo aos gestores das demais unidades federativas para que revissem a "política do fecha tudo", que, segundo ele, não funcionou em 2.020.

 

"Eu apelo aqui, já que foi me castrado a autoridade, para governadores e prefeitos, repensem a política do fecha tudo. O povo quer trabalhar. Venham para o meio do povo! Conversem com o povo. Não fiquem me acusando de fazer aglomeração. Aqui tem uma aglomeração. Em todo lugar tem. Vamos combater o vírus, mas não de forma ignorante, burra, suicida. Como eu gostaria de ter o poder, que deveria ser meu, para definir essa política. Para isso que vocês, muito de vocês, votaram em mim. E eu sei, aprendi na minha vida, especial militar, que temos que tomar decisões. Pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Até quando vamos ficar dentro de casa? Até quando vai se fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso lamentamos as mortes, repito, mas tem que ter uma solução. Tudo tem que ter um responsável. Até dentro de casa, ou você manda um pouco mais, ou a tua esposa manda um pouco mais e toca o barco", defendeu.

 

"Não pode ficar os dois batendo cabeça e o filho assume o destino daquele lar. Não pode ser assim. Eu fui eleito para comandar o Brasil e espero que esse poder me seja reestabelecido. Por que eu sou um democrata. Critico decisões que tomam contra mim, mas não reajo. Os três poderes são importantes. Temos aqui gente do Legislativo. Costumo dizer também que o Executivo, o Legislativo é quase um poder só. Nós trabalhamos juntos. Não tem como fazer isso se o Poder Legislativo não está do nosso lado. Cada vez mais nós devemos saber os nossos limites. Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra! A rua não parou, o homem do campo não parou, os militares não pararam, o padeiro não parou. Por que essa frescura, agora, de fechar o comércio. Não deu certo no ano passado. Até a desacreditada OMS disse que lockdown não funciona", observou fazendo afirmações falsas.

 

Homem do campo

 

Na sequência, Bolsonaro agradeceu os produtores rurais que estavam ali presente naquela cerimonia para prestigiá-lo e destacou que é graças aos homens e mulheres do campo, que não pararam durante a pandemia, evitaram que o país enfrentasse problemas maiores como o desabastecimento de alimentos nos supermercados.

 

"Mas se vocês tivessem parados, pior seria o desabastecimento. O Brasil alimenta o seu povo, obviamente, e mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo. Nessa conversa, o pessoal do golfo, isso ficou patente. Conversando agora com empresários, carecemos sim de agregar valor aquilo que nós produzimos e para que possamos fazer isso com segurança, devemos diversificar o nosso mercado. Devemos mostrar para o mundo que acreditamos no nosso país. Se nós não acreditarmos, quem vai acreditar? E esses empresários que estão aqui hoje, que investem em infraestrutura, é uma prova de que eles acreditam no Brasil. E nós ficamos muito felizes com isso", discursou.

 

"Ontem eu almocei com seis embaixadores de países da região do golfo, oriente médio, e lá do Kwait me disse uma coisa que eu não sabia: que 80% do que eles importam de produtos do campo, é do Brasil. Então vem de vocês, que devem ter aqui, mais de uma dezena, de produtores rurais. Vocês não ficaram em casa, não se acovardaram. Quando converso com deputados da bancada ruralista, eles me dizem: que bom seria que a Europa adotasse o nosso Código Florestal para aplicar em seus países. Só crítica. Não tem uma palavra boa. Será que hoje a noite vai sair que eu estava sem máscara, de novo?", ironizou.

 

"Só com a nossa economia funcionando e não como querem alguns governadores querem que fique todo mundo em casa, que a economia vem depois, que nós podemos sonhar com dias melhores para todos. Sem dinheiro, sem salário, sem emprego. Estamos condenado à miséria, ao fracasso, a morte, a ações que não nos interessam, como distúrbios, saques, greve generalizada, mas quem não está trabalhando não vai fazer greve e nós temos que ter coragem para resolver os problemas", pontuou.

 

 

Vacinas

 

O presidente aproveitou a sua fala na cerimonia realizada em Goiás para defender o seu governo, que segundo ele vem recebendo críticas injustas tanto pela condução do Ministério da Saúde na administração da crise pandêmica, quanto no aspecto de aquisições de vacinas contra o covid-19.

 

"E quando se fala em vacina, como disse aqui o ministro Fábio Faria, das Comunicações, nunca nos afastamos de buscarmos vacinas. Mas eu sempre disse uma coisa: ela tem que passar pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. A gente não está, está vacinando seres humanos e a Anvisa é uma passagem obrigatória. E isso aconteceu tão logo a Anvisa começou a certificar vacinas, nós passamos a comprá-la. Hoje somos o país em valores absolutos que mais temos gente vacinada. Só esse mês vamos chegar a 20 milhões de doses. No mínimo no mês que vem 40 milhões de doses. Somos responsáveis e estamos fazendo o que é certo", abordou.

 

Remédios

 

Bolsonaro voltou também a fazer o uso de medicamentos que não possuem comprovação científica de que são eficazes no combate ao covid-19 e que sua gestão logo mais estará importando um spray nasal de fabricação israelense que poderão ser aplicados em paciente que estejam desenvolvendo a forma mais grave da doença.

 

"Parabéns aqui o MP de Goiás que decidiu pelo tratamento precoce. Virou um crime falar em tratamento precoce. É direito do médico, não tendo remédio para aquele mal, ele receitar fora da bula. O médico hoje, ele está se insistindo acuado em receitar isso por que acaba sendo criminalizado. O que é mais importante? A vacina, ou remédio? Os dois são importantes. Por que não se fala em remédio?", questionou.

 

"Depois da manhã uma delegação nossa com dez pessoas vai para Israel. Vamos assinar um acordo, protocolo de intenções, e vamos, se deus quiser, trazer para cá o tratamento em forma de spray de um produto que há dez anos estava sendo trabalhado em Israel para outro tipo de problema e acabou, numa primeira fase, dando certo para pacientes [em estado] graves e entubados. Vamos com a parceria de Israel trazer a terceira fase para cá", contou.

 

MST

 

Bolsonaro aproveitou sua fala para também fazer críticas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), aliado do PT, e perguntou por que o referido movimento que invadia fazendas para pressionar pela pauta da reforma agrária não aprece mais no noticiário. Segundo ele, isso ocorre devido ao fato dele ter fechado os repasses federais para Organizações Não Governamentais (ONGs), que repassavam os valores ao MST.

 

"Herdei um país com uma dívida enorme. Não estou reclamando. Agradeço a deus por esta missão. Imaginem vocês se o PT tivesse ganho as eleições. E em falar neste partido do mal, há dois anos vocês não ouvem falar em MST. É Por quê? Fizemos a nossa parte! Acabei com dinheiro de ONGs para eles. Algumas boas ONGs foram para o espaço, efeito colateral. Acabamos com as ONGs. Não tem mais invasão do MST", comentou

 

"Vocês há dois anos não acordam mais e tem uma notícia de publicação no Diário Oficial da União, que você perdeu a sua fazenda, por que uma portaria foi assinada pelo presidente da República, pelo ministro da Justiça, que é o primeiro passo, para demarcar mais uma reserva indígena. Nada contra os índios! Muito pelo contrário. Mas já são 14% do nosso território demarcado como terra indígena. Quanto vale isso aí? Equivale a região Sudeste. São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Não está de bom tamanho? Algumas absurdas como a dos ianomâmis, duas vezes o tamanho do Rio de Janeiro com nove mil índios. Isso é feito com responsabilidade?", perguntou.

 

"Tudo deturpado ao longo dos últimos 30 anos. Temos locais aqui que não pode passar uma rodovia, uma ferrovia, por que passa por dentro de uma reserva que tem apenas um índio dentro dela, como em Mato Grosso. Que país é esse? Que irresponsabilidade é essa? Agora, levo porrada do mundo todo, como aquele que não dá bola para a questão ambiental. Temos um excelente ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, e eu digo para ele que você só sai do meu governo se for elogiado pela Globo, ou pela Folha", denunciou.

 

Hora de verão

 

Por fim, o presidente disse que o fim do horário de verão aconteceu devido ao deputado João Campos (Republicanos-GO), segundo ele, "um dos responsáveis pelo fim do horário de verão".

 

"Quero cumprimentar aqui o João Campos, que pelo que parece ninguém sente falta do horário de verão, e ele foi um dos responsáveis pelo fim do horário de verão. Então quero cumprimentar o Ministério das Minas e Energia que concluiu depois de um ano que era mais econômico não ter o horário de verão. Além [de alterar] o nosso relógio biológico, não cedo terá. Então uma brilhante ideia que todo o Brasil acolheu e hoje em dia ninguém mais reclama daqueles tempos que tínhamos que adiantar, ou atrasar, os nossos relógios", finalizou.

 

(por Humberto Azevedo, especial para a Agência Política Real, com edição de Genésio Jr.)