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Dário Berger é eleito presidente da Comissão que analisará a Medida Provisória do Funrural

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Senador catarinense foi eleito presidente da Comissão Mista

O Congresso Nacional instalou, nesta semana, a Comissão Especial Mista para debater a Medida Provisória 793/2017, que permite a renegociação dos débitos dos produtores rurais com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) e reduz a alíquota desta contribuição social a partir de 1º de janeiro de 2018.

O senador Dário Berger (PMDB-SC) e o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) foram eleitos por aclamação para conduzir os trabalhos da comissão. A deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (PSB-MS) foi designada como relatora da matéria.

“Teremos mais uma grande responsabilidade ao conduzir esta comissão que debaterá um tema de relevante importância para o agronegócio brasileiro”, disse o senador Dário.

Após ter sido publicada em 1º de agosto pelo Governo Federal, a MP 793 recebeu mais de 740 emendas dos deputados e senadores devido ao impacto que a MP pode causar no setor produtivo. Para o setor, o principal pleito é a redução do valor do pagamento da entrada de 4% para 1% e a extensão do prazo para a adesão ao programa de 29 de setembro para 29 de dezembro.

Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) é o nome popular para a contribuição paga à Previdência Social pelos produtores rurais pessoa física que empregam trabalhadores. A alíquota incide sobre a receita bruta decorrente da comercialização.

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a contribuição inconstitucional, decisão que beneficiou uma empresa. Em março passado, em novo julgamento, o STF mudou o entendimento e autorizou a cobrança, decisão que tem repercussão geral. Entre os dois julgamentos, milhares de produtores rurais ganharam liminares na Justiça contra o tributo, o que gerou um passivo, boa parte depositado em contas judiciais.

A edição da medida provisória já era aguardada. Desde a decisão da suprema corte, a Frente Parlamentar da Agricultura (que reúne deputados e senadores) e o setor rural vinham negociando com o governo uma saída para o passivo existente.

Regularização

A MP 793 cria o Programa de Regularização Tributária Rural (PRR), que permite a renegociação dos débitos dos produtores rurais e dos adquirentes da sua produção (como frigoríficos, laticínios e cooperativas) junto à Receita Federal e à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), até 30 de abril.

Os interessados devem protocolar a adesão até 29 de setembro. O ato implica na confissão da dívida e na desistência de qualquer recurso administrativo ou judicial contra a cobrança do Funrural.

O produtor poderá pagar o débito em até 180 parcelas. A MP exige uma entrada equivalente a até 4% do débito, paga em quatro parcelas. O restante é dividido em 176 prestações, com descontos e com correção pela taxa Selic. Se após o pagamento ainda sobrar algum resíduo, este poderá ser pago em 60 vezes.

A MP estabelece ainda que caso o produtor que aderir ao PRR deixe de produzir, ou não tenha receita bruta por período superior a um ano, o valor da prestação mensal será equivalente ao saldo do débito dividido pela quantidade de meses que faltarem para complementar 176 meses. A Receita e a PGFN vão soltar, em até 30 dias, um ato regulamentando o PRR.

Alíquota

Além de tratar da regularização, a MP reduziu a alíquota do Funrural. Atualmente, o produtor rural paga um percentual de 2,1% sobre a receita bruta de venda, sendo 2% para o INSS e 0,1% relativo a Riscos Ambientais do Trabalho (RAT), contribuição paga pelo empregador para cobrir os custos da Previdência com acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais.

A MP reduziu a contribuição ao INSS para 1,2%. Com isso, a alíquota total dos produtores rurais, a partir de 2018, será de 1,3%, uma redução de 38% em relação à atual. A diferença entre as duas alíquotas (atual e a nova), que é de 0,8%, será usada pelo produtor que aderir ao PRR para pagar as prestações.

O texto da MP 793 determina que a renúncia de receita provocada pela redução da alíquota e pela renegociação será incorporada na proposta orçamentária de 2018, que chega ao Congresso no fim deste mês.

Tramitação

A MP 793 será analisada incialmente na comissão mista, fase em que são apresentadas as emendas e realizadas as audiências públicas. O parecer aprovado segue para votação nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.

Artur Hugen, com informações do AI, Fabiano Amaral, Agência Câmara/Foto: Divulgação