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Brasil precisa se reindustrializar, diz embaixador em audiência pública da CRE

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Presidente da CRE, o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) observou que o processo de globalização traz benefícios, embora também provoque uma "legião de desabrigados"

O Brasil deve restabelecer o dinamismo de sua política externa e ajustar suas posições à nova realidade global, avaliou nesta segunda-feira (2) o diretor-presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), embaixador Rubens Barbosa.

Ele participou do painel interativo “Lugar do Brasil em um mundo de transformações”. O evento integra o ciclo de debates "O Brasil e a Ordem Internacional: Estender Pontes ou Erguer Barreiras?", promovido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Para Rubens Barbosa, o país ficou isolado nas negociações comerciais nos últimos anos, enquanto a globalização ainda avança, com o fortalecimento do regionalismo e do conhecimento da inovação.

— Nos próximos 20 anos, vai-se jogar o futuro do Brasil dentro das correlações de força que estão se mostrando no cenário internacional. Temos que nos preparar para essas novas realidades, não podemos continuar isolados e afastados dos que está acontecendo no mundo. Temos que primeiro resolver o ajuste econômico, adotar políticas muito claras na questão cambial e na taxa de juros, com inovação. Caso contrário, o país não terá poder industrial importante na área de ponta. A reindustrialização do Brasil será feita na área de produtos que serão criados daqui para a frente — afirmou.

Barbosa disse ainda que o Brasil precisa definir sua estratégia de integração regional e seu papel em instituições como o Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), além de ampliar seus contatos na América Latina, sobretudo com o México, e avaliar sua atuação junto aos Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul).

— Os Brics vão desempenhar um papel importante, apesar de as agendas não serem comuns. Mas o Brasil precisa definir o que a gente quer dos Brics. Se não, o que vai acontecer é que a China e a Rússia vão tomar conta. O próximo governo do Brasil vai ter que acelerar a entrada do país na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], pois ela trata da governança global — afirmou.

Mal-estar com a globalização

Secretário de Planejamento Diplomático do Ministério das Relações Exteriores, o ministro Benoni Belli apontou um descompasso entre as regras internacionais vigentes, com polaridades indefinidas, e a ascensão da Ásia e da China, que ameaça a hegemonia dos Estados Unidos.

Ele identificou ainda um mal-estar com a globalização, que se expressa com mudanças tecnológicas aceleradas e um desemprego estrutural avançado no capitalismo, o que provoca um deslocamento dos investimentos mundo afora.

— Que a multipolaridade se consolide, mas com base em regras multilaterais, que correspondam à lógica do Direito, compartilhadas nos diversos domínios da ordem internacional. É importante que o Brasil tenha uma visão estratégica, com clareza de objetivos, e construa caminhos para alcançar esses objetivos. O que está em jogo? Onde nossos interesses são prioritários? — questionou.

Presidente da CRE, o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) observou que o processo de globalização traz benefícios, embora também provoque uma "legião de desabrigados".

Artur Hugen, com Agência Senado/Foto: Roque de Sá/AS