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Em sessão temática, especialistas pedem revisão dos compromissos da Rio 92

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Sessão temática comemora 25 anos da Rio 92

Os convidados da sessão temática realizada nesta segunda-feira (12) no Plenário do Senado, resgataram o momento histórico da Rio 92 e ressaltaram que os temas ambientais devem continuar pautando a agenda internacional. A sessão foi realizada por solicitação dos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Fernando Collor (PTC-AL) que ressaltaram que a conferência “foi uma das maiores e mais produtivas que a Organização das Nações Unidas (ONU) já promoveu”.

A ex-ministra do meio ambiente, Izabella Mônica Vieira Teixeira, ressaltou que a agenda da Rio 92 continuará pautando todo o século 21 por falar de desenvolvimento sustentável e “apontar na direção certa”. A ex-ministra destacou a importância de o Brasil afirmar, internacionalmente, que a agenda de baixo carbono veio para ficar e disse acreditar que o país tenha potencial para isso.

- Eu acho que o Brasil tem, além disso, o dever de ir em torno de três coisas que sempre foram uma marca do nosso país: a nossa capacidade de diálogo, a nossa credibilidade com entregas e, finalmente, o firme compromisso de não retrocesso – disse.

Erik Solheim, subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas e Diretor Executivo da ONU Meio Ambiente, destacou que as nações devem trabalhar com uma agenda conjunta para combater a poluição do ar, dos oceanos e o aumento da temperatura. Para ele, a principal mensagem da Rio 92 é a necessidade do desenvolvimento econômico, social e ambiental caminharem juntos.

O senador Fernando Collor destacou que o “espírito do Rio” não pode se esvanecer e pediu para que o país semeie o ponto de partida de uma nova transformação. O senador propôs a criação, no âmbito do Senado, de uma instituição ambiental independente, para acompanhar o cumprimento das metas do Acordo de Paris, assinado na COP-21.

- Que revivamos, pois, os compromissos da Rio 92, porque para isto serve a lembrança de datas marcantes como esta: para perpetuar, em nós mesmos, a memória de que já fomos capazes e reunir forças para que sigamos adiante e alcancemos muito mais além – disse.

Mudança de pensamento

O  senador Cristovam Buarque (PPS-DF) avalia que o mundo ainda não tem a dimensão exata do que aconteceu depois de três grandes eventos sobre o meio ambiente: a Conferência de Estocolmo em 1972, a Rio 92 e a Rio +20 em 2012. Para ele, ideias defendidas hoje em diversas áreas nasceram no primeiro destes eventos, em Estocolmo, na Suécia. Segundo Cristovam, a partir de 1972, as pessoas passaram a saber que havia um limite para o crescimento econômico.

O senador Jorge Viana (PT-AC) disse que, no Brasil, por causa da crise, alguns se aproveitam para colocar em xeque os avanços obtidos no setor nos últimos anos. Isso, segundo ele, ocorre por meio de propostas em análise no Congresso Nacional, como a que possibilita a venda de terras para estrangeiros, as que reduzem áreas de preservação e a que modifica as regras para demarcação de reservas indígenas.

Os convidados ressaltaram o quanto a Conferência de 92 impactou na mudança de pensamento da sociedade brasileira e mundial. O ex-ministro do meio ambiente, José Goldemberg, ressaltou que, durante o período militar, era dominante a ideia de que preocupações ambientais eram secundárias e que a prioridade era o desenvolvimento, mesmo que predatório.

Marcos Azambuja, coordenador da Conferencia Rio 92, destacou que o evento é, de certa maneira, o ground zero de tudo o que se faz hoje no que diz respeito à proteção ambiental. Marcos explicou que o ano de 1992 foi memorável porque casou a necessidade de preservar o planeta e de garantir o desenvolvimento.

- Estocolmo foi uma grande conferência, mas teve um pouco a marca do regionalismo. Era uma conferência que se dava num grande país desenvolvido, num momento em que a causa do meio ambiente era, a rigor, transformada numa causa mundial, mas sem a contrapartida da ideia do desenvolvimento – lembrou.

O presidente do Grupo de Trabalho Organizador da Rio-92, Carlos Moreira Garcia, lembrou o quanto era importante para os organizadores contar com o respaldo popular. Dessa maneira, difundiram em todo o país a mensagem de que a defesa do meio ambiente não é incompatível com o desenvolvimento.

- Ninguém mais alega que proteger o ambiente prejudica o desenvolvimento. Mas, há 25 anos, essa era uma teoria inovadora, que foi preciso difundir em palestras, entrevistas, artigos e seminários. Mas conseguimos passar a mensagem – disse.

Imagem do Brasil

Os convidados lembraram que a Conferência foi também uma maneira de o Brasil contestar, na prática, a imagem então difundida internacionalmente de que o país era poluidor e destruidor. Com o sucesso da Rio 92, segundo eles, o Brasil pôde voltar a ser o “mocinho” do filme.

- Em 1992, o Brasil reassume uma posição maravilhosa no mundo. O Brasil, de acusado, de país desrespeitoso, de país insensível, passa a ser um país responsável e sensível – destacou Azambuja, coordenador da Rio 92.

Artur Hugen, com informações e imagem da Agência Senado