Bancada Sulista

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“Os nossos três estados não podem ficar no prejuízo”, afirmou Mauro Mariani coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, defendendo a união entre Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.

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(Brasília-DF, 31/08/2015)  O deputado federal Mauro Mariani (PMDB-SC) falou com exclusividade à  Bancada Sulista sobre a parceria com os estados vizinhos, a crise política nacional e o futuro do PMDB em Santa Catarina

Bancada Sulista -  Que análise o senhor faz do momento de crise economia e política pela qual o Brasil está passando?

MAURO MARIANI -  A situação é muito complexa. Na verdade, ninguém tem as respostas que todos nós queríamos saber, qual o caminho que isso tudo vai tomar, qual o destino, aonde que nós vamos parar com essa situação toda, com essa tempestade política. Isso está sendo muito ruim para todos, especialmente num momento em que o país atravessa também uma crise econômica. Esse agravamento da crise política agrava ainda mais.

Então, eu vejo realmente com muita dificuldade, porque a cada semana o cenário se complica ainda mais. Então, a torcida é pra que a gente possa superar isso tudo, pra que a justiça cuide dos casos que tem que cuidar e nós temos que cuidar do país, essa que é a verdade. Nós temos que sair da pauta jurídica, da pauta denuncista, da pauta de tratar apenas da corrupção. Claro que tem que se tratar isso e tem que se punir os culpados, mas nós precisamos cuidar do Brasil, nós não somos uma republiqueta, nós somos 200 milhões de brasileiros dependendo de decisões aqui que muitas vezes são contaminadas pela discussão puramente político partidárias.

Então, eu me preocupo muito com esse momento que nós vivemos e tenho dito: agora mais do que nunca o Brasil precisa de lideranças, precisa de serenidade acima de tudo, pra gente poder fazer essa travessia desse momento de dificuldades que nós atravessamos. Mas continuo acreditando na força do nosso Brasil e acho que nós vamos superar apesar das dificuldades momentâneas.

BS -  Como é que o PMDB está posicionado hoje? Existe um racha entre os que querem deixar o governo e os que preferem apoiar o governo da presidente Dilma Rousseff?

MAURO MARIANI -  O PMDB sempre foi um partido de muitas divisões. O PMDB não é um partido que consegue ter organicidade nacional, por suas características. Nós somos formados especialmente por lideranças nacionais. E essa questão do apoiamento ao governo federal ficou evidenciado na convenção do PMDB onde mais de 40% dos convencionais já votaram contra a coligação com o PT.

Então ali, o PMDB já foi dividido pra eleição. Parte apoiou a reeleição da presidente e grande parte, quase que a metade se posicionou contra. E lógico que esse cenário se reflete aqui na Câmara dos Deputados, no Senado e agravado ainda mais por essa crise política, por essa instabilidade e pela fragilidade com que o governo está e a própria figura da presidente da república isso claro que faz diminuir ainda mais os adeptos, os defensores do apoiamento do PMDB incondicional ao atual governo. Aumenta significativamente a corrente daqueles que defendem um desembarque do PMDB e uma independência do PMDB em relação ao governo.

BS – Com relação a Santa Catarina como está se moldando o PMDB com vistas às eleições de 2016 e 2018?

MAURO MARIANI – O PMDB de Santa Catarina é o PMDB mais organizado do Brasil, está presente nos 295 municípios, tem 106 prefeitos, mais de 800 vereadores. Dos 16 deputados federais, seis hoje são do PMDB. Tínhamos dos três senadores dois, infelizmente com o desaparecimento do senador Luiz Henrique ficamos apenas com o senador Dário Berger. Então esse é o partido. É um patrimônio político construído ao longo de 50 anos de história por muitas pessoas e a maioria delas no anonimato. E é isso que nós temos que cuidar e eu tenho defendido que o PMDB em Santa Catarina só é forte por conta dessa capilaridade, por conta da força do nosso partido nos municípios e isso que nos dá condição de disputar as eleições de forma muito competitiva. Porque se você for analisar a história das eleições dos governadores eleitos pelo PMDB você vai perceber, com exceção do Pedro Ivo Campos (governador entre 1997 e 1990), que naquela eleição o PMDB elegeu praticamente todos os governadores do país até por conta que era a primeira eleição pós redemocratização então ali é obvio que o PMDB iria eleger. Depois, os nossos candidatos a governadores não eram grandes estrelas da política, eles se elegeram por conta da força do partido, por conta da presença do partido, a máquina partidária deu a condição deles irem ao segundo turno e aí no segundo turno, me desculpe, mas o PMDB é imbatível.

Nós somos especialistas nisso e aí a força do partido cresce muito. É só você verificar: Paulo Afonso Evangelista Vieira, governador eleito pelo PMDB (de 1995 a 1999). Quem era o Paulo Afonso antes de ser governador? Ele era deputado estadual de um mandato apenas e se tornou governador de Santa Catarina. O próprio Luiz Henrique da Silveira (governador com dois mandatos entre 2003 e 2010)  à época prefeito de Joinville tinha sido deputado, ministro, mas não tinha uma penetração tão grande no estado, na época não tinha a facilidade que hoje nós temos das redes sociais, dos meios de comunicação muito mais avançados. Eu me lembro bem que havia cidade que nós íamos fazer reuniões com o então candidato Luiz Henrique e não tinha nenhuma pessoa na reunião. Cidades importantes como Rio do Sul, por exemplo, pedimos uma reunião com a associação empresarial e tinham sete empresários para receber o Luiz Henrique. Era uma dificuldade, mas a força partidária o colocou no segundo turno e aí as características políticas daquele pleito o elegeram. Então está mais do que provado. A própria eleição do senador Dário Berger. O senador Dário Berger, notadamente, foi eleito nos pequenos e médios municípios onde a força partidária faz a diferença. Então, isso tá muito claro, é obvio que o PMDB tem que prestigiar, tem que cuidar desse patrimônio que ele tem que é a sua estruturação em todos os municípios do estado.

BS -  O PSD catarinense vem ensaiando movimentos, dando atenção, ora ao PMDB, ora ao PP, como aconteceu na convenção dos Progressistas recentemente. Como é que o senhor vê o futuro da relação PMDB-PSD- governador Raimundo Colombo?

MAURO MARIANI – Eu vejo isso tudo com muita naturalidade. Se nós formos analisar, também historicamente, que o PSD e o PP têm a mesma origem. Se nós formos voltar no tempo é lá aquela velha briga que tinha Arena e MDB . E a maioria dos que hoje formam o PSD, ex-PFL, são oriundos da Arena. Então, eles têm o mesmo DNA, vamos dizer assim na sua formação. Isso é uma análise muito simplista em torno da origem.

Por outro lado, ao longo da história recente da política catarinense a habilidade do próprio ex-governador Luiz Henrique de atrair outras forças para a sua coligação fez com que o PSD tivesse uma proximidade muito grande. Demos inclusive a eleição ao atual governador à época senador. Isso eu lembro que foi muito difícil o partido entender uma coligação com os nossos históricos adversários, mas isso, com o tempo ,foi se revelando a política acertada do governado Luiz Henrique tanto é que deu pra Santa Catarina quatro vitorias, duas dele próprio e agora duas do próprio Colombo.

Então, essa composição política partidária ela se revela exitosa inegavelmente. Tivemos quatro eleições, duas em primeiro turno além do que elegemos os senadores em todos os pleitos. Então, é claro que esse caminho tem se demonstrado efetivo e vitorioso nas eleições. Mas, claro, na medida em que o PSD ascende ao poder obviamente que o partido cresce no exercício do poder. Acaba crescendo atraindo prefeitos, lideranças políticas e ao crescer logicamente que começa uma parte do partido entender que pode romper essa aliança e pode seguir o seu caminho agora com certa independência do PMDB. Isso é natural, é um processo. Como também nós tivemos no PMDB.

Eu mesmo liderei um movimento para que o PMDB tivesse uma candidatura própria no pleito passado. Fomos vencidos na disputa interna do partido e depois seguimos marchando dentro daquilo que democraticamente se estabeleceu no partido. E eu penso que no PSD é a mesma coisa: tem uma ala que notadamente faz o movimento no sentido de que o PSD apresente novamente um candidato ao governo e obviamente aí construindo uma aliança com outras forças políticas que não o PMDB, porque por obvio o PMDB terá um candidato até por conta de que há um acordo pra isso, que desta vez o candidato seria do PMDB. Esse vai ser o embate que nós vamos assistir e vivenciar nos próximos dois, três anos, mas a bem da verdade eu, particularmente, acredito na manutenção da atual aliança, especialmente se tiver tudo bem, se o governo estiver indo bem. E é importante a manutenção para que o governo possa ir bem.

O governador Raimundo Colombo precisa do apoio do PMDB na Assembleia, nós temos dez deputados estaduais, é uma força importante pra contribuir, pra votar as matérias de interesse do governo, para que o governo possa também atravessar essa crise que atinge o Brasil e atinge os municípios e também o estado. O apoio do PMDB nesse momento de dificuldade é importante para o governador por conta disso, por conta do relacionamento, por conta da história, por conta das vitórias que construímos juntos e ajudamos o PSD ter em Santa Catarina eu acredito que nós vamos conseguir manter essa aliança. Em não mantendo, aí o PMDB terá o seu candidato, vamos construir as alianças que sejam possíveis e vamos enfrentar quem tiver de enfrentar. Essa é a realidade dos fatos.

BS – Quando se fala em manter a aliança pra 2018 se fala numa chapa com o senador Dário Berger pro governo, o senhor e o governador Raimundo Colombo para as vagas ao Senado. Existe essa possibilidade, esse cenário agrada ao senhor?

MAURO MARIANI – O que nós temos feito no PMDB é priorizado as eleições de 2016 por conta desse entendimento que nós temos que manter ou ampliar a nossa força nos municípios.

A questão da candidatura ao governo ela vai se demonstrar viável lá a diante. Quem for o nome que tiver melhores condições, que apresentar eleitoralmente melhores condições e que melhor puder fazer as composições que precisam ser feitas será ,naturalmente, o candidato. Nunca haverá uma disputa entre Dário Berger e Mauro Mariani, entre Mauro Mariani e Dário Berger. Nós jogamos no mesmo time. Nós estivemos totalmente afinados no processo nas ultimas disputados internas no PMDB, então não haverá. 

Se o PMDB ficará com a vaga de governador e a vaga ao Senado ou somente com a de governador, se vai compor com o PSD, com PSDB, com PT, isso é uma coisa que vai ser decidida a diante. Então, eu tenho dito e a minha prática política demonstra, eu não preciso falar isso as pessoas me conhecem especialmente no PMDB, que sou jogador de time verdadeiramente. Eu poderia, por exemplo, no pleito passado ter sido eu o candidato ao senado e teria muito mais facilidade em aprovar minha candidatura dentro do PMDB do que o próprio senador Dário Berger. Talvez tivesse mais facilidade no processo eleitoral até porque por razões obvias eu tinha mais conhecimento e mais penetração no partido no estado. Mas não, nós entendemos que para o partido, numa discussão muito aberta e franca com o próprio hoje senador Dário Berger, eu dizia a ele: ‘Dário, eu já sou deputado federal e provavelmente vou me reeleger deputado federal. Com você, nós podemos ter mais um senador pra Santa Catarina. Então pro projeto do PMDB e pra Santa Catarina me parece mais interessante que você seja o candidato e que nós conquistemos mais uma vaga de senado já que eu tenho tudo pra manter a minha vaga de deputado federal’.

E me parece que a nossa estratégia foi perfeita, porque elegemos o senador Dário Berger que hoje é uma força política importante aqui em Brasília pra nos ajudar a buscar soluções pra Santa Catarina e esse é o objetivo primeiro da política, no meu caso eu raciocino dessa forma.

BS -  O senhor vai disputar a presidência do PMDB catarinense na próxima convenção?

MAURO MARIANI – Há uma discussão que está começando agora nessa questão na presidência do diretório. Pelas sucessivas disputas que acabei protagonizando dentro do partido há uma expectativa de grande parte do PMDB que agora, já que o partido está pacificado de que o Mauro possa assumir a presidência pra simbolizar e sacramentar essa pacificação plena e total do PMDB.

Por outro lado, nós reconhecemos o belo e grandioso trabalho que o atual presidente Valdir Cobalchini faz no partido. Inegavelmente ele faz um trabalho que há muito tempo precisava ser feito e ninguém fazia no PMDB. Eu costumo, em tom de brincadeira, dizer que finalmente o PMDB calçou as sandálias da humildade e foi ouvir a base. Era isso que o partido tanto reclamava pelo interior, por todas as cidades por onde andávamos.

Então, o deputado Cobalchini faz um grande e brilhante trabalho. Eu espero e tenho convicção de que não vamos estabelecer mais uma disputa, vamos tentar construir o entendimento, algo que seja bom para o PMDB, sem disputa para selar de vez esse momento pacifico que o PMDB vive em Santa Catarina.

BS -  O senhor coordena o Fórum Parlamentar Catarinense (os 16 deputados federais e 3 senadores do estado) desde o começo do ano. Que balanço o senhor faz do trabalho da bancada até agora e qual a projeção para o segundo semestre?

MAURO MARIANI – O Fórum Parlamentar Catarinense tem tido grandes missões, grandes desafios e eu acho que foi um semestre muito positivo, o primeiro semestre.

Nós conseguimos avançar em temas importantes, tivemos vitórias do Fórum Parlamentar, o Fórum se demonstrou efetivo pra sociedade catarinense e isso acho que é importante. Pegamos temas muito polêmicos e conseguimos nos desvencilhar deles levando a uma solução, como por exemplo o contorno de Florianópolis, que era um tema que estava aí há muito tempo se debatendo. Tiramos da pauta, decidimos, a obra está caminhando. Tivemos outro no passado, mais importantes ainda como a questão das universidades que o Fórum Parlamentar foi decisivo aqui pra que o Governo Federal entendesse o formato das universidades comunitárias de Santa Catarina. Essa negociação feita pelo Fórum garantiu a subsistência dessas universidades. Estamos afinados com os hospitais filantrópicos.

Agora, em uma unidade com as bancadas do Paraná e do Rio Grande do Sul tratamos da questão da ferrovia Norte-sul. E temos a participação de todos os parlamentares e isso que é bacana, porque tem que deixar registrado isso: quando se fala em temas caros pra Santa Catarina, em temas importantes e relevantes pra Santa Catarina todos se despem das colorações partidárias e lutam por Santa Catarina. Aí esquece PMDB, PT, PSDB, PSD, PPS e trabalhasse por Santa Catarina. Por isso nós temos alcançado o sucesso e não é uma ação do Mauro como coordenador, é uma ação de todos os parlamentares e isso é bem entendido e nós estamos tentado deixar claro isso pra sociedade. Quando a gente consegue interagir com a Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), com os hospitais filantrópicos, com as universidades, com a associação dos municípios, com os diversos seguimentos organizados da sociedade me parece que essa proximidade, essa aproximação faz com que o resultado individual de cada parlamentar seja amplificado aqui em Brasília e o resultado coletivo de Santa Catarina ninguém tem dúvida de que fica muito melhor e muito mais exposto à vista da sociedade.

Então, eu penso que esse é o momento mágico que nós vivemos, eu vou cumprir essa minha missão aqui e depois virá outro, fará do seu jeito, mas com certeza com melhor intensidade talvez do que a gente. Assim como quem me antecedeu, o deputado Esperidião Amin (PP) que fez com brilhantismo. Como quem o antecedeu o Décio (deputado Décio Lima PT-SC), o Tebaldi (deputado Marco Tebaldi – PSDB-SC) fizeram com muita competência. Então, esse é o legal do Fórum.

Eu penso que tivemos grandes vitórias e temos grandes lutas pela frente. O momento que nós vivemos, a gente tem que entender, é talvez o momento mais difícil que o Brasil atravesse, talvez seja o momento mais difícil de reivindicar, de buscar recursos, de buscar obras junto ao governo federal. Então, quanto mais unidos nós estivermos, maiores as chances de termos sucesso nos nossos pleitos nessa dificuldade momentânea que o pais atravessa.

BS – O senhor falou da união com as bancadas do Paraná e do Rio Grande do Sul e a gente vê aí surgindo o bloco da bancada sulista. Para onde os 77 deputados e os nove senadores dos três estados querem ir com esse projeto?

MAURO MARIANI – Na verdade a ideia é na mesma linha: somar esforços, somar peso político pra que a gente possa, de alguma forma, contrapor o discurso de que o Sul é uma maravilha, que o Sul não precisa de dinheiro, que o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são estados ricos, que lá é primeiro mundo, que o governo federal tem que dar atenção pra outros estados que não nós. Claro que nós entendemos que temos diferenças significativas no desenvolvimento do nosso país que nós temos que aos poucos superar. Agora, por conta disso, os nossos três estados não podem ficar no prejuízo. A falta de investimentos, especialmente investimentos em infraestrutura pode significar um prejuízo para o Brasil. Porque do momento em que nós prejudicamos o setor produtivo, que notadamente está situado no Sudeste e Sul do Brasil, nós deixamos de desenvolver o país, deixamos de produzir, deixamos de arrecadar imposto. Então, temos deixado claro essa nossa mensagem: nós queremos ser tratados no mínimo com respeito e pra isso nós juntamos as forças políticas no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina formando um bloco de 77 deputados e nove senadores. E você há de convir comigo que quando nós falamos em bloco em nome de 77 deputados e mais os senadores logicamente que os nossos pleitos ganham mais respeitabilidade nas diversas esferas de governo. É nesse sentido, pra que a gente possa juntos buscar soluções. O exemplo clássico foi a ferrovia Norte-Sul que não estava prevista no PIL 2 (Plano de investimento em logística do governo federal). As três bancadas se reuniram, fomos ao ministro (dos Transportes Antônio Carlos Rodrigues), fomos à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) pedimos agilidade, eles imediatamente aceleraram o processo, apresentaram os estudos e não tenho dúvida de que vão fazer de tudo pra incluir no próximo programa que estabelece a parceria com a iniciativa privada.  Porque é uma ferrovia fundamental, estratégica pra Santa Catarina.

Eu não posso falar pelo Rio grande do Sul nem pelo Paraná, mas pra Santa Catarina ela significa a continuidade ou, a médio e longo prazo, a extinção da nossa agroindústria no Oeste do estado. Nós estamos falando de trazer os grãos de maneira competitiva do Centro-Oeste, região produtora de grãos, pra região altamente consumidora que é a nossa região, alimentar a nossa agroindústria. Se nós não conseguirmos fazer isso daqui a 20 anos a nossa agroindústria vai migrar pra perto dos grãos. Já aconteceu isso em menor escala, mas se nos próximos anos nós não resolvermos esse problema de logística nós estaremos empurrando a nossa agroindústria pra longe do nosso estado e isso seria um prejuízo muito grande, bem como depois fazer a ligação com os nossos portos. Então a gente tem clareza nesse debate e é nesse sentido que nós conseguimos unir as forças. E assim teremos outras lutas, já está aparecendo a energia elétrica que existe tarifa diferenciada muito grande entre o Sul e o Nordeste. Tudo bem, agora qual é o tamanho dessa disparidade? Será que nós temos que pagar cinco vezes mais pra desenvolver aquela região? Mas nós não estamos penalizando?

E daqui a pouco nós estaremos matando a galinha dos ovos de ouro. É nesse sentido que a bancada sempre vai se posicionar em defesa da nossa região. É por isso que a gente também tem conseguido muita unidade na coordenação das pautas da bancada sulista entre os três estados. Está sendo muito bom, uma experiência muito positiva e eu penso que nós vamos também conseguir dar bons resultados para o Brasil de um modo geral, porque do momento em que nós garantimos investimentos na região Sul do Brasil, que é a região produtora, nós estamos garantindo que o Brasil vai melhor também.

BS -  Na sexta feira (21) o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, esteve nos três estados do Sul apresentando o estudo de viabilidade da Ferrovia Norte-Sul. Como que o empresariado recebeu essa possibilidade de parceira em torno desse projeto?

MAURO MARIANI – O ministro apresentou o estudo e quem não entendia muito do processo passou a entender melhor o que significa esta ferrovia. Porque nessa questão da ferrovia em algum momento da história ela foi contaminada pelo discurso político e isso é natural. As pessoas não entendem muito do assunto, acham que ‘mas a ferrovia tem que passar aqui na minha cidade’ e na verdade não tem fundamentação técnica nenhuma e muitas vezes passar uma ferrovia em determinada região ao invés de ajudar a região acaba criando um transtorno gigantesco. Então eu penso que aquela apresentação foi boa por conta disso, ela clareou, ela equalizou o conhecimento de todos, da importância e o que é verdadeiramente importante pra Santa Catarina no modal ferroviário. E também ficou claro que há possibilidade, que há viabilidade econômica pra se investir, pra se buscar parceiros pra investimentos nesses trechos ferroviários. Foi interessante porque o empresariado estava muito presente, a Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina), a Fiesc (Federação das Indústrias do estado de Santa Catarina), o governo do Estado, forças realmente que podem fazer a diferença numa comunidade, especialmente no estado, estavam presentes. Eu penso que avançamos bem, foi muito importante aquela apresentação da forma como foi feita, a presença do governo na pessoa do ministro, de toda a equipe de primeiro escalão da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) , da Valec ( estatal responsável pelas ferrovias brasileiras) , foi um ganho, uma vitória não somente do Fórum, mas da bancada sulista.

( da redação com edição de Genésio Araújo Jr)