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ECONOMIA: Boletim regional mostra região Sul crescendo 0,3% no último trimestre de 2021

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Região sul cresce( Foto: Imagem de arquivo)

(Brasília-DF, 22/02/2022) O Banco Central(BC) divulgou na manhã desta terça-feira, 22, o seu Boletim Regional (BR) apontando dados do último trimestre

 O Boletim Regional é uma publicação trimestral que apresenta as condições da economia por regiões e por alguns estados do país, enfatizando a evolução de indicadores que repercutem as decisões de política monetária – produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros.

Veja as informações sobre a região que cresceu 0,3% no trimestre e só perdeu para o Centro-Oeste que avançou, 0,9%

Indicadores recentes de atividade sugerem acomodação no cenário de recuperação da economia do Sul. No último trimestre de 2021, as atividades registraram resultados mistos, destacando o avanço da produção industrial e da agricultura, com a apropriação da colheita de trigo. De outra parte, comércio e serviços, sobretudo prestados às empresas, contribuíram para o arrefecimento na margem. Medida pelo IBCR-S, a economia do Sul cresceu 0,3% no quarto trimestre, revertendo queda de igual magnitude no intervalo anterior.22 No ano, o IBCR-S expandiu 6,0%, condicionado pelo avanço nos três setores, favorecidos pela base deprimida de comparação (recuo de 3,5% em 2020).

No quarto trimestre, o comércio do Sul apresentou a retração mais intensa dentre as regiões23. Em contexto de inflação elevada, sete das dez atividades pesquisadas apresentaram queda, acentuando a redução observada no terceiro trimestre. Em 2021, o varejo ampliado cresceu, com expansão em seis atividades. Além do peso expressivo das maiores vendas de veículos, que em 2020 ficaram represadas por restrição de oferta, o retorno da mobilidade possibilitou a retomada do comércio de vestuário e calçados e de outros artigos de uso pessoal e doméstico. Em compensação, observaram-se recuos no comércio de alimentos (Paraná e Santa Catarina) e de móveis e eletrodomésticos, que haviam crescido em 2020.

De acordo com dados da Fenabrave, o segmento de automóveis e comerciais leves manteve movimento descendente no início deste ano, que registrou vendas 29,1% abaixo das de janeiro de 2021. Empresários e consumidores estão cautelosos, mencionando a alta da taxa de juros e percepção de relativa melhora do mercado de trabalho como condicionantes de suas avaliações, de acordo com o Icec e o ICF.

O setor de serviços apresentou leve retração no último trimestre de 2021, após altas nos cinco trimestres anteriores. Apesar desse resultado, o volume de serviços de transportes e, em especial, de serviços às famílias assinalaram crescimento nessa métrica. Esses segmentos foram os principais fatores explicativos para expansão significativa do setor em 2021, favorecidos pela maior mobilidade propiciada com o avanço da vacinação.25

No quarto trimestre, a produção industrial expandiu em nove das dezoito atividades pesquisadas no Sul, especialmente produtos alimentícios, veículos, máquinas e equipamentos, derivados de petróleo e biocombustíveis e outros produtos químicos, responsáveis, em conjunto, por aproximadamente 56% do setor fabril regional. Tal desempenho se sobrepôs ao aprofundamento observado nas retrações da metalurgia, têxtil e produtos de madeira. Em 2021, com a maior expansão dentre as regiões, a indústria do Sul cresceu 9,3% – altas em todas as atividades, exceto na fabricação de alimentos. Os empresários industriais mantiveram-se otimistas em janeiro de 2022, embora em patamar inferior aos de janeiro e outubro de 2021.

De acordo com o LSPA de janeiro, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas da região Sul deverá totalizar 80,2 milhões de toneladas em 2022 (+3,4 milhões de toneladas, comparativamente ao ciclo produtivo anterior). O acréscimo é estimado essencialmente pela expectativa de elevação das colheitas de 2ª safra, notadamente milho, em contexto de condições climáticas desfavoráveis nos três estados que resultaram em queda significativa na produtividade esperada das lavouras, especialmente soja26, milho e feijão. O menor volume de precipitações levou grande número de municípios a decretarem emergência, situação que limita a captação de água para utilização em cultivos irrigados, impactando, também, a produtividade do arroz.

Refletindo recuperação no mercado de trabalho no Sul ao longo de 2021, a taxa de desocupação observada da PNADC-T recuou para 7,5% da força de trabalho (FT) no terceiro trimestre, embora com queda na massa de rendimento real nos últimos dois trimestres. A taxa de participação na força de trabalho alcançou 64,8% da população acima de 14 anos, maior valor desde o segundo trimestre de 2020. Dados do Novo Caged para o quarto trimestre  mostraram geração de postos de trabalho em menor ritmo, comparativamente a igual trimestre de 2020. A indústria de transformação fechou vagas em dezoito das 24 divisões, principalmente em vestuário, têxtil e móveis. Adicionalmente, a construção apresentou recuo nas contratações líquidas, após cinco trimestres consecutivos de expansão. Considerando dados dessazonalizados, o nível de emprego avançou 1,1% no último trimestre, na comparação com o anterior, quando crescera 2,1%. No acumulado do ano, houve geração de vagas acima do observado em 2020, e o nível de emprego formal expandiu 5,9%.

A recuperação da corrente de comércio em 2021, com forte crescimento nas importações, reverteu o saldo da balança comercial em relação a 2020. Nessas bases, as exportações, que têm como principal destino a China (29%), registraram alta de 21,7% no preço e 7,0% no quantum. Embora predominem as vendas de básicos (soja e carnes), observou-se ampliação expressiva de industrializados (destaque para madeira compensada). O substancial aumento das importações decorreu de elevações no preço (17,2%) e, principalmente, na quantidade (28,6%), com ênfase para insumos industriais (em especial produtos para a petroquímica) e agrícolas (fertilizantes). A China respondeu por 28% das aquisições do Sul.

A variação do IPCA no Sul registrou desaceleração na passagem do terceiro para o quarto trimestre, sobretudo em monitorados – desinflação em gás de botijão e energia elétrica residencial. No segmento de preços livres, sobressaiu o comportamento favorável de alimentação no domicílio. Em 2021, a inflação foi significativamente superior à do ano anterior, repercutindo alta mais intensa em monitorados, principalmente nos preços da gasolina – que caíram em 2020 – e energia elétrica. Vale destacar que o gradualismo no processo de reativação da economia limitou aceleração mais intensa nos preços do setor de serviços. Em janeiro de 2022, o Sul assinalou queda no IPCA, após dezenove meses consecutivos de aumento, refletindo variação negativa em monitorados.

A evolução da atividade econômica no quarto trimestre contribuiu para reduzir a assimetria observada entre os setores ao longo de 2021. Embora as perspectivas permaneçam positivas para 2022, os impactos da forte estiagem sobre a produção agrícola nas três UFs e o aperto mais intenso nas condições financeiras devem limitar o crescimento da economia no ano. Contudo, a atividade segue sendo favorecida  pelo processo remanescente de normalização da economia, contribuindo para a recuperação do mercado de trabalho.

( da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr.)