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AMÉRICA LATINA: Economistas e diretores do FMI entendem que América Latina deverá crescer 3% em 2022, mas vai enfrentar grandes desafios

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America Latia sob desafios( Foto: Política real) :

(Brasília-DF, 28/07/2022) Foi publicado, ontem,27, no blog do Fundo Monetário Internacional (FMI) artigo de seus diretores destacando que a América Latina devera enfrentar grande desafios  mesmo tendo registrado uma forte recuperação no início de 2022, destaque-se a desaceleração da atividade econômica e a inflação persistente irão testar sua resiliência. O artigo é assinado por Gustavo Adler, Ilan Goldfajn e Anna Ivanova.

“As economias da América Latina e do Caribe mantiveram sua forte recuperação após a pandemia, mas os ventos estão mudando à medida que as condições financeiras mundiais se tornam mais restritivas e os preços das commodities revertem sua tendência ascendente, em meio à persistência das pressões inflacionárias.”, dizem eles.

O crescimento em 12 meses atingiu 2,8% no primeiro trimestre, frente a uma média de 1,7% nos anos anteriores à pandemia, e os indicadores de alta frequência apontam para a manutenção desse impulso no segundo trimestre.

Eles entendem que “a região vá crescer 3,0% neste ano, uma melhora em relação aos 2,5% que previmos em abril.”

No entanto, a região enfrenta desafios significativos, como o aperto das condições financeiras internacionais, o recuo do crescimento mundial, a inflação persistente e o aumento das tensões sociais em meio ao aumento da insegurança alimentar e energética. Esses fatores contribuem para nossa revisão em baixa do crescimento para 2,0% em 2023, 0,5 ponto percentual inferior a nosso prognóstico de abril.

Recuperações desiguais, pressões inflacionárias comuns

Os signatários fizeram uma avaliação por cada área da América Latina.

“A força da retomada pós-pandemia tem variado na região. A alta mundial dos preços das commodities frente aos baixos níveis registados durante a pandemia, impulsionada ainda mais pela guerra na Ucrânia, de modo geral favorece a recuperação dos exportadores desses produtos (algumas economias sul-americanas), mas restringe o avanço dos países mais dependentes das importações de commodities (América Central e economias do Caribe dependentes do turismo). A tendência ascendente dos preços das commodities parece estar se revertendo à medida que as condições financeiras mundiais se tornam mais restritivas.”, disseram.

Eles salientam os destaques.

“Entre as maiores economias, o Chile e a Colômbia registaram uma recuperação particularmente dinâmica, impulsionada pelo forte crescimento dos serviços, em parte devido ao estímulo fiscal no fim de 2021, ao passo que a produção econômica do México ainda não retomou seu nível anterior à pandemia em razão da lenta recuperação do setor de serviços e de construção.”, disse.

Eles falam dos insucessos.

“A retomada das economias do Caribe também segue lenta, uma vez que o turismo ainda não voltou aos níveis pré-pandemia, apesar da recente retomada. Enquanto isso, a América Central, o Panamá e a República Dominicana já ultrapassaram os níveis de produção anteriores à pandemia, impulsionados pela rápida recuperação nos Estados Unidos, por intermédio  dos fortes fluxos de exportações e remessas, bem como por  políticas de apoio.”, disse.

Eles destacam a questão da inflação.

“Por outro lado, a inflação acelerou em toda a região, em meio à recuperação da demanda interna, a interrupções persistentes nas cadeias produtivas e ao aumento dos preços das commodities. Os bancos centrais endureceram devidamente a política monetária para conter os efeitos secundários e ancorar as expectativas de inflação a longo prazo. Contudo, a inflação pode se revelar persistente na esteira de choques sobrepostos e da ampliação das pressões sobre os preços.

Enquanto isso, após a retirada do estímulo implementado no ano passado para fazer face à pandemia, a política fiscal na maioria dos países assumiu amplamente uma postura neutra em 2022. Isso deve ajudar a colocar os balanços fiscais numa base mais sustentável e auxiliar a política monetária a conter as pressões inflacionárias.”, disseram.

Condições mundiais desafiadoras

Eles falaram das dificuldades mundiais.

“Com a inflação em alta em todo o mundo e os bancos centrais nas economias avançadas tornando as condições financeiras mais restritivas, a demanda mundial está enfraquecendo. As previsões de crescimento para 2023 foram consideravelmente revistas para baixo, de 2,3% para 1,0% nos EUA e de 2,8% para 1,8% no Canadá. Mesmo antes do impacto pleno do aperto financeiro, o crescimento nessas economias estava desacelerando, levando a uma correção em baixa de nossas previsões de crescimento para 2022 de 3,7% para 2,3% nos Estados Unidos e de 3,9% para 3,4% no Canadá.

Em meio ao aperto monetário mundial e à maior incerteza econômica, as condições financeiras externas para a América Latina e o Caribe estão piorando, elevando os custos dos empréstimos e pressionado o câmbio das moedas locais. Além disso, e em parte como reflexo da desaceleração mundial, os preços de algumas commodities têm caído e devem recuar ainda mais. Isso poderia aliviar parte das pressões inflacionárias mundiais com o tempo, o que é positivo, mas às custas de novos desafios para a região.’, disse.

Perspectivas para a inflação

Os signatários destacam que as inflações nos países da região ficarão acima da meta até o ano que vem.  

“Assim como em outros lugares, é provável que as pressões sobre os preços na região permaneçam altas por algum tempo, como indicam nossas previsões de inflação de 12,1% e 8,7% para 2022 e 2023, respectivamente, as taxas mais altas dos últimos 25 anos. Isso significa que prevemos que a inflação ultrapasse o limite superior do intervalo das metas dos bancos centrais em cerca de 400 pontos-base, em média, nas cinco maiores economias latino-americanas (Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru) até o fim deste ano e permaneça acima da meta durante parte do próximo ano.

O enfraquecimento das moedas – sobretudo se as condições financeiras mundiais se tornarem mais restritivas – e as crescentes pressões salariais, além dos mecanismos de indexação existentes em alguns países, podem pressionar ainda mais a inflação”, afirmaram.

Navegando a mudança dos ventos

Os signatários entendem que se deve manter o foco na preservação da estabilidade macroeconômica e da coesão socia

“A inflação persistente em meio à desaceleração da atividade econômica em um contexto de queda dos preços das commodities tornará ainda mais difícil a formulação de políticas.

As autoridades devem manter o foco na preservação da estabilidade macroeconômica e da coesão social. Em meio a níveis elevados de dívida pública após a pandemia e aumento das taxas de juros reais, a política fiscal precisará concentrar-se em fortalecer os saldos das contas públicas e garantir a sustentabilidade da dívida, ao mesmo tempo em que continua a apoiar as pessoas mais vulneráveis com medidas focalizadas e, se necessário, temporárias ao longo de um período de crescimento mais lento e inflação alta.

Enquanto isso, a política monetária deve continuar empenhada em conter a alta dos preços e ancorar as expectativas de inflação. Juntamente com uma comunicação clara, esse esforço continuará a ser a chave para preservar a credibilidade duramente conquistada pelos bancos centrais.”, afirmaram

(da redação com informações de assessoria. Edição: Genésio Araújo Jr.)