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Homenagem à Marcha das Margaridas evidencia demanda por igualdade

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Plenário e galerias do Senado ficaram lotadas para a homenagem, que coincide com a Marcha das Margaridas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília

O Senado promoveu  nesta terrça-feira (15), sessão especial para homenagear a Marcha das Margaridas. O senador Beto Faro (PT-PA) afirmou que a homenagem se mostrava como uma oportunidade única de celebrar a valentia e a grandeza das mulheres brasileiras. Ele defendeu a igualdade entre os gêneros e criticou a cultura do patriarcado. Segundo o senador, a homenagem também é uma oportunidade de alertar para as dificuldades e para as situações de desigualdade que atingem as mulheres, principalmente as trabalhadoras rurais.

Faro destacou algumas das bandeiras da 7ª Marcha das Margaridas: democracia participativa, soberania popular, autonomia das mulheres, acesso à terra, foco na biodiversidade, mais participação feminina na política, universalização da internet e uma vida livre de violência, de racismo e sexismo.

— Hoje, celebramos a esperança e a fraternidade. Lutamos por justiça com a certeza de que seremos ouvidos, pois juntos somos mais fortes — registrou o senador, autor do requerimento (RQS 383/2023) para a sessão especial, aprovado no final do mês de junho.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, ressaltou que a participação feminina foi essencial para a eleição do presidente Lula. Segundo Teixeira, o governo vê a pauta feminina como prioritária. Ele citou algumas ações do governo em prol das mulheres, como a criação do Pronaf Mulher (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), lembrando que a presença feminina é acentuada dentro da agricultura familiar.

— O importante é continuar a marcha, a marcha para mudar o Brasil e para construir um bem viver. A revolução é ecológica e feminina — definiu o ministro.

Igualdade

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a marcha é um movimento legítimo de reinvindicação. A ministra destacou a Lei da Igualdade Salarial (Lei 14.611, de 2023), sancionada no início do mês passado, como uma forma de fazer valer a luta pela igualdade. Segundo a ministra, as mulheres marcham há décadas pela liberdade e contra a cultura do estupro e da violência. Ela prometeu “caminhar junto” com as trabalhadoras rurais e implementar políticas públicas voltadas para as mulheres.

— Precisamos tirar o ódio que colocaram neste país. Precisamos de paz neste país. Precisamos de um país que respeite as mulheres e que saiba dialogar — pediu a ministra.

A coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, agradeceu a homenagem do Senado. Ela disse que a diversidade das mulheres do campo e da floresta é que faz o movimento ser especial. Para Mazé, a marcha busca uma construção coletiva em prol da igualdade e de maior participação feminina na política. Afirmou esperar que o Senado e a Câmara dos Deputados atendam as reivindicações das mulheres da Marcha das Margaridas.

— Marchamos por soberania e por democracia popular. Não somos apenas milhares de mulheres em Brasília, mas milhões de mulheres no Brasil que lutam pela reconstrução do país e pelo bem viver — declarou Mazé.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) lembrou que a igualdade entre homens e mulheres é prevista na Constituição de 1988. Ele disse que, a exemplo do pastor e ativista norte-americano Martin Luther King, tem o sonho de nenhum brasileiro ser julgado pelo gênero, pela cor da pele ou por sua orientação sexual.

— Tenho fé em Deus de que um dia vou subir na Tribuna e afirmar que tenho orgulho de ser brasileiro. Pois no país que eu ajudei a construir todos somos iguais perante a lei —enfatizou Contarato.

A coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Sônia Coelho, defendeu mais protagonismo para as mulheres negras e indígenas e para as trabalhadoras do campo, das florestas e das águas. Ela pediu mais mobilização social em favor de uma alimentação mais saudável, natural e livre de veneno. Na mesma linha, a coordenadora do Greenpeace Brasil, Luiza Lima, criticou iniciativas legislativas que liberam o uso de mais agrotóxicos e afirmou que a agenda ambiental não pode ser dissociada da agricultura familiar.

Inspiração

O senador Paulo Paim (PT-RS) ressaltou a presença de mulheres de todas as regiões do país, que vieram a Brasília para fazer uma "linda caminhada" em busca de direitos. O senador anunciou que o projeto que inclui a agricultora Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (PLC 63/2018) será votado no Plenário nesta terça ou quarta-feira (16). Margarida Alves é quem dá nome à marcha. Paim também defendeu a igualdade entre homens e mulheres e disse que a equidade de salários deveria ser natural.

A senadora Leila Barros (PDT-DF) falou sobre a unidade das senadoras em favor das pautas femininas. Ela contou ter sido influenciada pela Marcha das Margaridas, quando teve contato com o movimento em 2016, época em que era secretária de Esportes do Distrito Federal. De acordo com a senadora, as margaridas a ajudaram a ter convicção na sua luta política. Ela disse que a Marcha das Margaridas ajuda a inspirar todas as meninas e as mulheres do país.

— A mensagem que vocês deixam é que devemos continuar lutando. De coração, quero dizer que estarei aqui, sempre de portas abertas — declarou Leila, emocionada.

A senadora Augusta Brito (PT-CE) se disse feliz pelo fato de a primeira sessão por ela presidida ser para homenagear a Marcha das Margaridas. Para a senadora, além de respeito, as mulheres pedem oportunidades. A senadora Zenaide Maia (PSD-RN) disse que as mulheres da marcha "enchem os olhos", ao quebrar barreiras e lutar pelos direitos femininos. Segundo Zenaide, a memória de Margarida Alves motiva as mulheres a entender que a situação de pobreza e desigualdade pode ser mudada.

— Não vamos permitir retrocessos. Temos que participar da política, sim! Vamos à luta, sim! Uma segura a outra e sempre! —reforçou Zenaide.

Os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Sergio Petecão (PSD-AC), Otto Alencar (PSD-BA) e Weverton (PDT-MA) e os deputados José Guimarães (PT-CE), Guilherme Boulos (Psol-SP), Dilvanda Faro (PT-PA), Maria do Rosário (PT-RS), Juliana Cardoso (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Alice Portugal (PCdoB-BA), entre outros parlamentares, também participaram da homenagem. Deputadas estaduais, vereadores, trabalhadoras rurais, representantes de entidades ligadas ao campo e às mulheres também acompanharam a sessão especial.

A marcha

A 7ª Marcha das Margaridas começou nesta terça e termina nesta quarta-feira (16), em Brasília. O tema deste ano é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. O movimento, que surgiu no ano 2000, reúne mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta em busca de visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena. A marcha é feita a cada quatro anos em agosto, mês da morte da sindicalista e agricultora Margarida Alves, assassinada na frente de sua família em 1983. A estimativa é que a marcha mais recente, em 2019, tenha reunido cerca de 100 mil mulheres em Brasília. O mesmo número é esperado para este ano.

O Plenário do Senado também aprovou a inscrição do nome de Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

O Plenário do Senado aprovou, também, a inscrição o nome de Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Da deputada Maria do Rosário (PT-RS), o PLC 63/2018 foi relatado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) na Comissão de Educação e Cultura (CE). A matéria segue agora para sanção. O acordo para aprovação do projeto foi anunciado por Paim durante uma sessão especial em homenagem à Marcha das Margaridas.

A líder sindical Margarida Alves nasceu em agosto de 1933 e morreu em agosto de 1983, logo após completar 50 anos. Ela foi assassinada por latifundiários na porta de casa, em Alagoa Grande (PB). Margarida lutava por direitos básicos dos trabalhadores rurais, como carteira de trabalho assinada, jornada de oito horas, férias e 13º salário. Em 2000, em homenagem a ela, foi criada a Marcha das Margaridas, mobilização de trabalhadoras rurais.

Durante a tramitação da matéria na Comissão de Educação, Paim apontou que o projeto é importante “para que mulheres e meninas, em especial da zona rural, possam se reconhecer na história daquela que dizia que nunca fugiria da luta”. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria está depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília. Nele também estão gravados os nomes de Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont, entre outros personagens históricos.

 

Fonte: Agência Senado – Foto: Roque de Sá/Marcos Rodrigues -Agência Senado – Postado por reporterarturhugenbrasil

Veja fotos abaixo: 

Margarida é um dos maiores símbolos da luta das mulheres por reconhecimento social e político, igualdade e melhores condições de trabalho e de vida no campo e na floresta - (crédito: Reprodução/Wikimedia

Senador Paulo Paim-PT-RS